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Blecaute

Muito se discute a respeito da origem da verdadeira Literatura Brasileira. Teria ela começado com os romances indianistas, com Machado de Assis ou com a Semana de Arte Moderna de 22? Antes, era apenas uma reprodução do que estava acontecendo na Europa, centro de toda a efervecência cultural. Hoje a discussão ainda existe: nossa Literatura está num chamado Pós-Modernismo? Temos autores que representam muito bem nosso momento da escrita, justamente por cada um seguir seu próprio estilo. Alguns dos nomes conhecidos são Luiz Rufatto, Fernando Bonassi, Fabrício Carpinejar e Marcelo Rubens Paiva. É desse último que tratará esse texto.


Seu nome talvez seja conhecido pela tragédia que envolveu sua família. Seu pai, o ex-deputado federal Rubens Paiva, desapareceu depois de ser torturado durante a ditadura militar. Outro fato triste da vida de Marcelo Rubens Paiva, foi o acidente que sofreu ao mergulhar em um rio aos 20, deixando-o tetrapéglico. Após muita fisioterapia ele recuperou o movimento dos braços e mãos, e assim escreveu seu livro "Feliz Ano Velho", em que relata desde o acidente até sua recuperação.



5 anos após escrever seu romance autobiográfico, Marcelo Rubens Paiva publicou “Blecaute”. Neste livro, ele imagina como seria uma São Paulo pós apocalíptica. Três amigos viajam para explorar cavernas num feriado e acabam presos numa delas após uma enchente. Ao saírem se deparam com a cidade silenciosa e todas as pessoas estranhamente paralisadas. Começam então uma jornada em busca de sobrevivência e de aprenderem a lidar uns com os outros.

Romances pós-apocalipticos são bastante comuns, o que diferencia o de Rubens Paiva é a verossimilhança ao descrever partes da cidade de São Paulo. Exemplos disso são o momento em que os protagonistas resolvem pintar a Avenida Paulista de vermelho e quando resolver explodir os principais pontos da cidade. O autor também mistura o passado das personagens ao contar o dia a dia na nova realidade de silêncio absoluto.


Marcelo Rubens Paiva é uma figura carimbada na cidade de São Paulo. Trabalha no teatro, mantém um blog e recentemente foi lançado um filme baseado em seu livro “Malu de Bicicleta".

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