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Entrevista: Rykarda Parasol



Graças ao last fm, qualquer tipo de música ficou acessível. E graças a ele eu conheci a maravilhosa cantora Rykarda Parasol. Uma vez li que o som dela era uma mistura de Johnny Cash, com Tom Waits e um pouco de Nick Cave. Realmente o som dela tem essas claras influências, mas não pode ser resumido a apenas isso.

Conversei com Rykarda via email algumas vezes e notei que ela era uma pessoa bastante acessível. Pedi para entrevistá-la e felizmente ela topou na hora.



1) Quando você começou a cantar?

Eu comecei a cantar e a escrever músicas a sério mais ou menos ao mesmo tempo, que foi no meu segundo ano na Universidade. Isso foi depois de algumas tragédias. Apesar de ter um grande carinho pela música eu nunca senti que tivesse o direito de segui-la a sério. Quando eu era criança, meus pais, professores e muitos outros me disseram para simplesmente não cantar. Aparentemente eu devia ser insuportável de escutar. È engraçado pensar nisso agora. Eu também era uma criança calma e com o passar dos anos eu acho que minha necessidade de me expressar se tornou mais forte e fazer barulho se tornou inevitável.

O estilo que eu canto agora: o cantar/falar – Eu acho que o desenvolvi em parte porque eu tinha que cantar baixo senão meus vizinhos poderiam me escutar. Mas cantar não é importante para mim. Eu não gosto de cantar apenas por cantar. Eu canto porque há algo a ser dito e uma expressão para transmitir.

2) Como você descreve sua música?
Minha música é pessoal. Ela é esteticamente dark e misteriosa. É mais fácil descrevê-la como “rock noir” já que ela invoca o suspense e o imaginário de uma heroína de filme noir. Às vezes é esquisita e sofisticada.

Outros a compararam a Nick Cave, Lou Reed, Mark Lanegan e assim por diante. Minha música não é diferente do estilo “muder ballad”. Eu não acho, entretanto, que sou única por ser mulher, mas sim pelo meu ponto de vista, que é parte de porque eu quis escrever. Eu acho que minha voz é interessante – entretanto, para mim, é mais importante o que eu digo do que o que eu posso cantar e além disso, eu tomo muito cuidado com a emoção por trás de cada palavra.

3) Quais são suas influências quando você compõe suas músicas? Você as escreve sozinha?
Sim, eu escrevo músicas sozinha. Elas são muito pessoais, então eu não estaria apta para escrever com outra pessoa. Eu posso ser muito tímida e ao mesmo tempo que eu tomo cuidado para não me isolar, eu sei que esse tempo sozinha é necessário para mim. Eu me sentiria muito desconfortável de escrever essas músicas particulares ao lado de alguém.

As melodias vêm facilmente, mas eu posso passar muito tempo nas palavras para encontrar o significado certo. Muitas vezes, o cuidado com as palavras tem uma relação direta com a resolução de algo na minha vida. Meu crescimento como musicista está diretamente relacionado com o meu crescimento como pessoa. Escrever músicas tem me dado perspectiva e compreensão para as lutas internas.

Eu admiro muitos artistas, arte, cultura e coisas que eu vejo quando viajo. Isso tudo tem participação em como eu mudo como pessoa e no que me inspira. Eu sou provavelmente mais inspirada pela filosofia e poesia do que por outros músicos. Eu tomo cuidado para não me isolar completamente. Quando eu viajo, como agora, eu carrego alguns livros de poesia comigo. Eu os releio muitas vezes. De muitas formas, a poesia é tão acessível para mim quanto a música.

4) Você conhece música brasileira?

Eu conheço bem pouco – mais estilos vintage como Os Mutantes, os Gilbertos, e alguma coisa de Caetano Veloso.
5) Além da música, você gosta de outros tipos de arte?
Sim, muito. Eu amo pintura e literatura. Eu sou uma pessoa muito visual e por muito tempo eu trabalhei como ilustradora e às vezes ainda trabalho. Eu planejo e produzo a arte do meu disco do começo ao fim, e muitos dos meus pôsteres. Às vezes eu costuro os meus vestidos que uso no palco. O vestido “Hate” é um exemplo disso. Eu fui para a escola de arte e estudei pintura. Há muitas influências para citar, mas eu sou particularmente apaixonada por “strong lines” e “story”.
Eu também tenho escrito muito. Na verdade, eu gosto de escrever sobre arte combinada com conceitos de arte. Existem alguns assuntos em minha vida que eu sinto que não se encaixariam numa canção. Então eu comecei a escrever ensaios e poesias que existem sem música. Eu postei alguns dos meus escritos mais recentes no meu website.





"A Drinking Song", de seu disco "For Blood and Wine".




Para conhecer mais sobre o trabalho de Rykarda, basta acessar seu site.
Aqui é possível encontrar alguns dos ensaios que ela menciona na entrevista.

Obrigada Rykarda!



Também gostaria de agradecer ao meu amigo Paulo Meirelles pela ajuda na elaboração das perguntas e pela revisão da tradução.

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